segunda-feira, 1 de maio de 2017

O sol nasceu brilhante mais uma vez. Os dias eram assim, as vezes ensolarados, outros não.
Da janela se via a montanha verde, criava vida nas noites de luar... Ou as estrelas piscavam ou as nuvens tomavam formas de cavalos que desciam de enormes penhascos... Desfiladeiros, era como Amélia se sentia. Todo o dia ela sentava e tomava seu café enquanto observava a vida lá fora, sentia o fluxo, não se misturava. As vezes o café era amargo, ela gostava assim. Só para sentir o cheiro. O cheiro de café era sua meditação matinal. E porque Amélia trazia em si tantos conflitos internos, que pareciam imperceptíveis para quem a conhecesse. Ela fazia tudo sempre igual. Ela acordava e ia trabalhar. Era boa amiga, boa filha, preocupada, carinhosa. Não se misturava com politica. Não bebia. Mas, apesar disso tudo, escondido de forma sutil, perdido no seu gosto musical, cultuava um gosto estranho por Rolling Stones. Feito uma clandestina ouvia baixinho Sympathy for the Devil enquanto se remexia na cama, noite a dentro. Keith e Mick faziam ela ir longe, por lugares muito além do seu imaginário. Tão profundo, que era inadmissível compartilhar. Aquele era o seu mistério, seu segredo Ela ruborizava. É que mesmo sem saber, mesmo tentando não ser, toda mulher esconde dentro de si um lado selvagem. Que vibra mais forte e fala mais alto entre sussurros contidos na calada da noite. 

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