domingo, 4 de março de 2012

Cheiro de memória

- Mas meu amor eu te juro que hoje eu fui sua e de mais ninguém. Hoje você foi meu primeiro e único amor, e que nunca houve ninguém, porque não consigo nem lembrar, nem saber. E pensando bem, olhando agora, só existe você. Sempre foi você. Antes mesmo de saber quem você era, eu já era sua. E meu bem eu te juro, que você é meu homem, eu sou sua mulher, mãe dos seus filhos (que ainda não tive), esposa e amante. E por favor, não vá embora depois que eu acorde, não quero te ver partir. Quero você para sempre, assim, na minha memória.

E depois do melhor amor do mundo, horas de orgasmos cobertos de lágrimas, ela dormiu, sem sonhos. Ele levantou e foi embora deixando apenas o seu cheiro nos lençóis. Cheiro que fixou na memória... Memória feito maré, inconstante. Será que ela daria mesmo seu amor para ele ou era tudo uma grande farsa? Amar, sentimento mais estranho. Como podia amar assim, alguém que mal conhecia? Então, acalmava os nervos tal pensamento. E mais tarde na cama, o fantasma do homem que levou com ele um pedaço de sua alma voltava a assombrar deixando o corpo todo dolorido.
Mas se as coisas têm que ser, elas simplesmente são. Não adianta forçar o destino, elas são. Andava na rua tentando se convencer porque enfim não ficaram juntos. What the hell! Já vinham as lágrimas. Segura para não caírem! Dizia-se em tom de briga. E seguia... Meio inconformada, meio sem rumo, meio buscando alguma coisa para preencher tal pensamento. "Será que sou obsessiva?" Mas nada adiantava... Não tinha remédio, e o tempo demora muito para curar. Quando achava que estava melhor, a dor voltava. Daí chorava um pouquinho e seguia.

II

A vida era boa, calma. Era feliz. Sua esposa uma grande companheira, estava sempre ali com ele. E ele de fato a amava. Só que amar em si não impede que ele lembra-se daquela outra com tamanho carinho. De fato ele sentia também. Engraçado, para ela fazia tanto sentido, mas como cada um seguiu seu rumo passou a achar tamanho sentimento loucura até que esqueceu. E de fato ele nunca se lembrava dela. Só foi lembrar outro dia, depois de anos, enquanto pegava o carro voltando do trabalho. Lembrou com carinho, lembrou com tesão. Bateu uma nostalgia. Queria sim ter vivido aquilo tudo de novo. E como lembrou também esqueceu. Chegou em casa, beijou a mulher e foi jantar. Nada tinha mudado.

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